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A mostrar mensagens de 2009

Guitarra de Portugal-a morte do pintor de "O Fado"

Texto retirado de: O Arcano da Dama de espadas

Na penumbra de um quarto de meretriz entre o vinho e o fado, Adelaide da Facada, quinté parece uma Severa, e o tocador, o Amâncio cantam a sua tristeza sonhando." Um dos quadros com maior impacto de José Malhoa será, sem dúvida, O Fado, que retrata personagens lisboetas numa cena urbana, num ambiente de interior, donde o sol, figura emblemática da sua pintura, desta vez se ausentou. O fadista, Malhoa encontrou - o na Tendinha do Rossio. Fora - lhe indicado por uma prostituta da Rua do Capelão, na Mouraria. Tocava guitarra e "manejava e navalhava como poucos". Era ciumento e brigão. Foi Amâncio, assim se chamava, que apresentou ao pintor o outro modelo, a Adelaide. Era conhecida como "Adelaide da Facada", devido a um golpe profundo na face esquerda. Tinha um gato "cego de um olho e mau", o Escamado, mas que não foi possível obrigar à pose. A Adelaide recusou entrar no atelier de Malhoa, "temendo ir assistir a alguma cena menos decente". Contr...

A Peça em 4 actos

O único retrato de Maria Severa

A Rosa engeitada e Maria Severa no Bota Alta-cortesia de Voxx

Nacía el Fado

No obstante, y a pesar de tan interesante visión y enfoque, es en el Siglo XIX cuando vemos surgir con fuerza avasallante la nueva expresión del sentir lusitano, y son precisamente, las voces de las mujeres, las encargadas de imponerle un carácter especialmente, Expresionista dentro de los cánones estéticos imperantes en la misma época en que se establecía el Romanticismo literario y musical en toda Europa. Nacía el Fado, vinculado a las aventuras marineras, a los burdeles (lojas), lenocinios, tavernas y bares de los barrios bajos en las mas cosmopolitas ciudades portuguesas. Surge así, la figura de María Severiana Honofriana (1820-1846), más conocida como María Severa, mujer de vida controversial y discutida pero al mismo tiempo, legendaria y sublime. En el Livro dos óbitos de los años 1833 a 1852 de la parroquia del Socorro en Lisboa, leemos: ...No dia 30 do mês de Novembro de mil oitocentos quarenta e seis anos, na Rua do Capelão, número trinta e cinco A, faleceu apoplética, sem s...

Ainda a Severa

A Severa foi uma peça de teatro muito celebrada no seu tempo e que ainda forneceu argumento para o primeiro filme sonoro português...Para os monárquicos: quem quizer ouvir o hino nacional da Monarquia, o chamado Hino da Carta (letra e musica de D. Pedro IV), veja o filme e esteja atento à entrada de Suas Majestades na corrida de touros. A Severa subiu à cena em 1901. Havia apenas 55 anos que a Severa tinha morrido e havia ainda bastantes homens em Lisboa que tinham ido com ela para a cama mediante pago. A meretriz (como então se dizia) fadista tinha deixado fama e recordações. Quando Julio Dantas fez dela uma cigana houve um murmúrio, mas passou à conta de liberdade poética. Mas quando Dantas lhe dá na peça como amante o Conde de Marialva o murmúrio passou a burburinho. Toda a gente sabia em Lisboa que o amante fidalgo da Severa fôra D. Francisco de Paula Portugal e Castro, 13º Conde do Vimioso, falecido em 1865 aos 48 anos. A família Vimioso também o sabia - e sabia o que o resto de L...
Em Fevereiro de 1990 o empresário Sérgio de Azevedo leva à cena um musical no Teatro Maria Matos, “ A SEVERA” tendo o papel da Severa , a actriz Lena Coelho e Carlos Quintas no papel do Vimioso, Carlos Zel também fez parte do elenco. Maria Severa Onofriana, filha de Severo Manuel de Sousa e de Ana Gertrudes Severa (alcunha adaptada do nome próprio do marido), nasceu em 1820 em Lisboa aos Anjos numas barracas nos montes, Seu pai era de etnia cigana, e a mãe uma portuguesa de Ovar que, com outros pescadores da região, emigrara para Lisboa . Atri­bui-se a essa ascendência cigana a sua beleza exótica e o seu cantar expressivo, que conquistou os boémios da capital. Sua mãe, Ana Gertrudes Severa, era uma célebre prostituta da Mouraria conhecida pelo sobrenome de "Barbuda", e Maria Severa terá ingressado muito cedo na mesma profissão, depressa se distinguindo nesse meio, não só - e muito em particular, como seria de esperar em semelhante contexto - pela beleza trigueira, como ain...

ratorecordsblog.blogspot.com/2007/09/

Ainda hoje não está resolvido o mistério da origem do Fado . Há quem veja nele um traço da presença árabe na Península, quem o julgue derivado da boca dos trovadores medievais e quem lhe descubra uma relação com o folclore do Norte de Portugal, ou ainda com as toadas dos pescadores no mar alto. Mas a tese mais credível associa-o às cadências africanas levadas pelos escravos para o Brasil - onde deram lugar a uma forma próxima, o lundum - , daí transportadas para Portugal em princípios do século XIX. Nos anos 30, o musicólogo inglês Rodney Gallop resolve a polémica escrevendo que é a «síntese, estilizada por séculos de lenta evolução, de todas as influências musicais que afectaram o povo de Lisboa» . O que importa, na verdade, é que o Fado está há muito identificado como a música singela do bas-fond lisboeta, da vida equívoca dos seus bairros populares, da fauna das suas tabernas, casas de pasto e prostíbulos. Como o próprio nome denuncia, o Fado é feito de resignação, de uma sorte ...

Apontamento sobre a História do Fado

Apontamento sobre a História do Fado Uma das teorias sobre as origens do fado é que ele foi trazido pelos marinheiros, que o implantaram em Alfama como dança de bordel, grossa e obscena, sobretudo cantado à desgarrada. O fado do marinheiro que se cantava à proa das embarcações, misturado com as cantigas de levantar ferro e com as canções dos degredados, terá servido de modelo aos primeiros fados que se tocaram e cantaram em terra. Com uma aceitação crescente, o fado desempenhou depois um papel de aproximação do povo à aristocracia. Em meados do século XIX, o marialva Conde de Vimioso procurava a Severa, a mais famosa fadista de sempre, pelas ruas de Alfama . A partir de 1870, o fado sobe aos salões da nobreza boémia, tendo o próprio rei D. Carlos aprendido a tocar guitarra com o exímio guitarrista e autor João Maria dos Anjos. Mas o Fado tem igualmente uma origem romântica. Os amores impossíveis , a fatalidade, a melancolia e a aceitação do destino pré-traçado são temas comuns das can...
"Aspecto da assistência à reunião de artistas, literatos e jornalistas, convocada pela Sociedade Universal de Super-Filmes , Lda. (S.U.S.), de Lisboa, para que o seu director de produção, o nosso camarada Leitão de Barros , expusesse o seu magnífico e brilhante projecto de filmagem sonora em língua portuguesa, com artistas portugueses e capitais portugueses, que, dentro em breve, será realizado, começando pela transposição fonofilmica de A Severa , do dr. Júlio Dantas ." Apartir de: http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com/2008/05/ilustrao-no-112-agosto-16-1930-13.html

SESSÃO DE FADOS NO RESTAURANTE FERRO DE ENGOMAR

E A "NOSSA" CANÇÃO NACIONAL NASCE AQUI

O fado da Severa Letra e Música: Sousa do Casacão 1848 Chorai, fadistas, chorai, Que uma fadista morreu, Hoje mesmo faz um ano Que a Severa faleceu. Morreu, já faz hoje um ano, Das fadistas a rainha, Com ela o fado perdeu, O gosto que o fado tinha. O Conde de Vimioso Um duro golpe sofreu, Quando lhe foram dizer: Tua Severa morreu! Corre à sua sepultura, O seu corpo ainda vê: Adeus oh! minha Severa, Boa sorte Deus te dê! Lá nesse reino celeste Com tua banza na mão, Farás dos anjos fadistas, Porás tudo em confusão. Até o próprio S. Pedro, À porta do céu sentado, Ao ver entrar a Severa Bateu e cantou o fado. Ponde nos braços da banza Um sinal de negro fumo Que diga por toda a parte: O fado perdeu seu rumo. Chorai, fadistas, chorai, Que a Severa se finou, O gosto que tinha o fado, Tudo com ela acabou. Quando, em 1867, Teófilo Braga publica no seu "Cancioneiro Popular" este fado de Sousa do Casacão (provávelmente o mais antigo fado de que existe registo), estava a abrir, inadvert...

COMO JÚLIO DANTAS DÁ INICIO À CAMPANHA PARA PROMOÇAO DO FADO A CANÇÃO NACIONAL

PRIMEIRO ACTO Um café de lepes*, na Mouraria, à entrada da rua do Capelão. Coito de bolieiros. alquiladores, marchantes e marafonas. Á esquerda alta, uma escadinha, dando para a sôbre-loja onde o Conde de Marialva tem um quarto alugado. Balcão à direita. Porta ao fundo com três degraus de pedra, deitando para a viela. Sôbre uma mesa, uma guitarra. SCENA I O ROMÃO, tipo de alquilador, alentejano, jaleca de astracan, calça de balbutina, espora num pé só, conversa com DIOGO, a uma das mesas da direita baixa. O MANGERONA, moço de café, cara alvar, segue do balcão a conversa. O CUSTÓDIA, pobre diabo epilético, aleijado de um pé, a cara arrepanhada pela cicatriz duma queimadura, ri sózinho, assentado num banco da esquerda baixa, a contar moedas de prata que vai descosendo do fôrro da véstia. Júlio Dantas - A Severa (peça em quatro actos) * Lepes - Moeda de dez réis. Entenda-se café muito popular. Foto - Tipos populares na Rua do Capelão. Arquivo Municipal de Lisboa

Como é que ele ia até à Mouraria? De autocarro desde o Campo Grande?

D. Francisco de Paula de Portugal e Castro, 13º conde de Vimioso

A Placa

1931 - O MAIS PORTUGUÊS DOS FILMES PORTUGUÊSES

Nota - Primeiro filme sonoro produzido em Portugal. E não por acaso... .
Atenas produziu a escultura, Roma fez o direito, Paris inventou a revolução, a Alemanha achou o misticismo. Lisboa que criou? O Fado... Fatum era um Deus no Olimpo; nestes bairros é uma comédia. Tem uma orquestra de guitarras e uma iluminação de cigarros. Está mobiliada com uma enxerga. A cena final é no hospital e na enxovia. O pano de fundo é uma mortalha. Eça de Queiroz - Os Maias

A SEVERA (acto II - scena X)

D. JOSÉ : Quê… Não vais, decididamente? MARIALVA ( olhando a Severa ): Decididamente, não vou! SEVERA ( Numa explosão de alegria ): Ah! Não vai! Fica comigo! ( Com orgulho ) É meu! Muito meu! D. JOSÉ ( pondo a capa e o chapéu ): Mas todos te esperam, cheios de entusiasmo! Não é correcto, bem vês… MARIALVA : Pois que esperem meu velho. Eu passo aqui esta noite! ( Cingindo a Severa) Severa! ( Dando-lhe o lenço que o D. José trouxe ) Amanhã, quando me for, lê o que diz este lenço. Guarda-o bem!( Para D. José ) Tu, vai, D. José. E se te perguntarem, dize a toda a gente que o Conde de Marialva, grande do reino, depois de uma cena de facadas, passa a noite com uma cigana! D. JOSÉ ( saindo e atirando com a porta ): Adeus! SEVERA ( apaixonadamente, atirando-se ao pescoço do Conde ) Como tu gostas de mim! Como tu gostas de mim! MARIALVA : Vem cá, Severa. Vem cá. Toma a guitarra. Assenta-te aí. Os dois, muito juntos, coração com coração… ( A cigana senta-se-lhe aos pés, preludiando na guita...
1907 Homenagem à guitarra da Severa, promovida e assistida por escritores e outros intelectuais e representantes da burguesia lisboeta.